terça-feira, 3 de julho de 2018

Parado no Tempo

Numa coisa eu atento
Viver aqui no momento
Distraído até pode ser
Vivi um tempo a perder 
E vivo parado no tempo.

E quando a cada momento 
Esqueço até sem intento
Se livros tenho que ler
Esqueço até do lazer 
E vivo parado no tempo.

O calmo dormir que eu tento,
o sono sem nenhum alento
O pouco ou nenhum prazer
Tarefas e tanto a fazer... 
E vivo parado no tempo.

O rio já passou e foi lento,
o Vento passou violento
A rua me deu desprazer
Mesmo com tanto a ver
E vivo parado no tempo.

Reclamo da vida e tento
Fazendo deveres que invento
Cassando a vida e o viver
Sem dramas frios no ser.
E vivo parado no tempo.

justo é meu argumento
E quando erro lamento
Mas o que posso fazer?
Se tenho tanto a dizer
E vivo parado no tempo.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Amigo Perdão


Desfeitos em devaneios
em tramas e terços
em fé sem contexto
em giros,  rodeios...

ação de trazer
o estático fazer
um caminhar parado 
em torno esculpido

Afeito aos foros
sem nenhum desafeto
tudo perdoa, amigo
o Tudo perdoa…

Vigarice em estima
egoísmo sem sina
agir desconexo
texto calado sem rima

Explica sem trama
com palavras em riste
sem místicos palíndromos….
faz evidente e claro.

digo e não digo…
que o amigo tem, 
mais fácil perdão
do que as tramas 
extemporâneas e travadas
dos dramas da razão 


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Outros Caminhos


Coelhos velozes
arte do insulto
vivo, muito vivo
não é por agora, 
mas chegaremos.

Nenhum lugar, 
lugar nenhum
nenhum, nenhum
caolho caos, 
papel de embrulhar 
estômago.

Presente! Presente!
artifícios líquidos
artificialidades, 
- Primeiro eu!

Quem quer
que seja, seja.
não sou.
Finalmente tu
foste tu?

sexta-feira, 9 de março de 2018

Outros Imperativos



Catarse em transe em medos e mentiras
nascida da falta de falhas em PERSONAS
lutas de classes de atitudes e asneiras
muito do que se faz sem saber à áltera.

Não interessa a forma, a fôrma e a força
quem mais sabe delicia-se e nada dá
ainda que forte e assíduo se faz falta
do outro nada mais, nem às semânticas.

Simbiose ambígua entre e mais ama
divide, diverte-te, difunde e acalma
aclama, entorna, inventa, ouve, urra
desvenda as verdades e esconde as más


Entre tantos, segue e ainda luta
finge que é contigo e logo observa
outros tantos, tantos e tantas outras
unge, ora, intenta, espera e acalma


domingo, 4 de março de 2018

O ensinamento da incerteza

  Saber exatamente o que se deve dizer, a cada momento, isto é o que nos é cobrado na vida moderna. Sermos eficientes termos respostas a tudo que nos é apresentado como dúvida. Mas estaremos nós todos com tantas respostas à tudo?

  Quando nos deparamos com questões sem possíveis respostas ou que as respostas sejam permeadas pela dúvida podemos achar que não estamos à altura dos desafios impostos. 

  Entretanto a vida e o viver é permeado por muitas perguntas sem respostas ao nosso entendimento e possivelmente não encontraremos respostas nem nós mesmos nem mesmo  as futuras gerações.

  O que se apresenta como uma incapacidade pode ser simplesmente um forte sinal de humanidade, nossas ações intelectuais ou intuitivas podem ser estimuladas ao máximo e mesmo assim as respostas não nos chegarão como desejamos. 

  Este limite pode ser uma auto-defesa emocional ou mesmo um estágio superior de conhecimento que ainda no alcançamos, entretanto o sentir-se culpado ou diminuído por não ter todas as respostas é um erro bem maior do que simplesmente não assumir a incapacidade de responder.

  Não encontrar palavras para definir sentimentos ou ausências não quer dizer que não sentimos e não queremos bem aos nossos queridos e amados… Pode ser que palavras desgastadas pelo uso frequente sem a dimensão justa e contextualizada seja o que não queremos repetir. 

  Dizer a palavra “saudade”com o sentido de uma canção, ou como numa saudade de algo ou alguém de quem anda temos a possibilidade de encontrar seja uma palavra menor. 

  Dada a dimensão do sentimento de apartamento que temos é perverso pedir que palavras designem o que não temos a capacidade itelectiva nem imagética e tentar dar uma resposta .É algo que ainda não somos suficientemente capazes.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Loa

  • Boa noite! 

  • Hoje estou aqui para usar minha educação e minha formação técnica em nome de sua diversão. 

  • Vou fazer você se sentir inteligente e culturalmente bem informado. E sem que para isso você precise se desfazer de seus bens e sua condição de proletário não será lembrada.

  • Prometo que você vai se sentir como um membro de uma aristocracia cultural, bem formada, seguindo todos os preceitos liberais que você em teoria é contra.

  • O vinho, a cerveja, o garçom estes são do mundo real, eu estou aqui num mundo “sensível”, comunicando ideias que em si mesmas não podem ser tratadas como uma mercadoria, o que em seu conceito desvalorizaria a  arte no seu conhecimento do trivial do fazer artístico.

  • Vou me emprenhar em ser ao máximo fiel à maneira como você tem acesso aos bens culturais e como você valora aos que insistem nesta atividade divina e com a qual, sem ela, "a vida seria um erro".

  • Sei que esta atividade em nenhum momento pode ser vinculada à uma atividade profissional, sei que isso ofende mais que uma possível ignorância sua. Sei que quanto mais eu for “maquina”serei mais aplaudido, sei que quanto mais assujeitado e mimético, mais “artista”serei.

  • Agradeço a sua bondade e o seu falar alto. A minha solidão se alimenta com a sua indiferença. E mais uma vez. 

  • Boa noite!

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Das Paradas

Numa coisa eu atento
viver aqui no momento,
distraído até pode ser...
Vivi um tempo a perder 
Vivendo parado no tempo.

Quando a cada momento 
esqueço até sem intento
se livros tenho de ler,
esqueço até do lazer 
Vivendo parado no tempo.

O calmo dormir que eu tento
O sono sem nenhum alento
O pouco ou nenhum prazer
Tarefas e tanto a fazer 
Vivendo parado no tempo.

O rio já passou e foi lento,
o Vento passou violento
A rua me dá desprazer,
mesmo com tanto a ver
Vivendo parado no tempo.

Reclamo da vida e tento
Fazendo deveres que invento
Cassando a vida e o viver
Sem dramas frios no ser.
Vivendo parado no tempo.

Justo é meu argumento
E quando erro lamento
Mas o que posso fazer?
Se tenho tanto a dizer
Vivendo parado no tempo.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Sobreverdades

Pensei que dela apenas mal-falavam
pensei que fosse injusto, tudo.
Ou quase tudo...
Mas parece ser verdade,
daquelas verdades  que se constroem
e sem muita dificuldade.

Como as verdades ditas nas janelas,
sem almofadas, aquelas rápidas...
Como um mal-dizer, quase adágio
como um mal-dizer quase verdade
daquelas verdades que destroem,
sem muita realidade.

Mas o fato é que a verdade, 
ao menos sobre ela, parece verdade.
O homem de fé foi diminuído, 
ao simples, ao selvagem…
Desejo que não deseja, 
desejo de quem finge não desejar.

O amor voraz como o ódio.
Como a falta de realidade crível
como um desejo destruidor.
A luz trouxe o desejo amor/ódio.
E o desejo trouxe o fim.



sobre Salomé de Orcar Wilde

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Mais Bordões

justiça cega
justeza justa
se isso pega?
não te assusta.

momento sério
movimento lerdo
atalho cego
eco sem saída

justiça cega
justeza justa
se isso pega?
não te assusta

mão dada
mente Dada
Feitor fada
formula mágica

justiça cega
justeza justa
se isso pega?
não te assusta

estéreo, febril
como em coma
segue seguindo
puta que o pariu

sábado, 6 de janeiro de 2018

Trocadálhos

Ascende a vela
usa-a como luz
infiltra-te entre festas
ou pequenas frestas.

Encolhe teus desejos
de infames trocadilhos
entre rios sem fim
ilude, alude, insiste…

Espera sem pressa
és espessa, expressa
acolhe a duvida
acalanta-a, dá-lhe forma.